quarta-feira, 12 de março de 2014

Valores



Valores


                            Esses dias  escutei uma frase da conversa entre duas pessoas: "... você viu só a cena da novela? Que pouca vergonha! Dois homens se beijando que podre...!" O termo soou-me tão forte que não mais consegui escutar a sequência do que diziam, pois a afirmação "Que Podre" ficou ressoando em minha mente.

O ser humano não está apodrecendo. O que está acontecendo é uma grande e significativa reformulação (e mesmo inversão) de valores. Sem ponderação das consequências advindas do comportamento adotado. Aqui é importante ressaltar que o que fica é o que é feito e não o que é dito. "Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço" é uma afirmação que desde seus primórdios não tem sido considerada como se deve. 
                           Convivemos com pessoas com síndrome de riqueza, síndrome de amor que nada mais é que uma auto estima muita baixa, onde o criar situações se faz necessário para que a pessoa de sinta confortável e segura.

                         Fala-se  da prostituição e das prostitutas como se não existissem "clientes" que as buscassem. Fala-se de pessoas que se vendem como se não existissem  pessoas que as comprassem. O que estou dizendo é óbvio? É, mas vejam que interessante: as pessoas queixam-se de se sentirem ameaçadas por ladrões de peças de carros e no entanto compram não só peças, mas também acessórios e mesmo motores por preços que, sabidamente, não tiveram fontes honestas. Se ninguém comprasse, não haveria por quê roubar. É difícil, mais uma vez, admitir que somos parte integrante na responsabilidade dos males que afligem nossa época, e o que é pior: além de não admitir, nos enganamos descaradamente. Como? Convencendo-nos a cada momento de que nossas atitudes são éticas e coerentes.

           Estamos tão perdidos em nossos referenciais que achamos que levar algumas vantagens nos alivia de outros males, como se fosse uma lei de compensação. Precisamos tirar algum proveito. Pronto. Acabou o referencial de direitos e deveres. Referencial este baseado em valores que nos levam à ação. Honestidade, fidelidade além de outros, são valores muito apregoados, mas que não vêm sendo praticados.

Podemos mudar isto? Queremos retomar valores que nos dignifiquem e nos dêem orgulho de existirmos? Precisamos parar com o "ir no embalo". O carro da frente andou, eu ando também mesmo que o farol não esteja aberto pra mim. Faço o que o outro fez, é automático. É a famosa psicologia de massa, faça e os demais lhe seguirão, por imitação.

            Uma autora diz sobre ética: "Pergunte-se se o que pretende fazer poderá ser contado para seus filhos sem nenhum constrangimento. Caso titubeie, não o faça, pois estará ferindo a ética!" Lembre-se que o modelo para as pessoas é o comportamento, não o discurso. Você está passando para seus filhos, amigos, funcionários, exatamente o que você faz e não o que você prega. Valor é o que tem importância, tem significado, pois então, vamos cuidar de recuperá-lo e praticá-lo. Ao sermos coerentes com nós mesmos, estaremos eliminando muitas de nossas inquietações e ansiedades.

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