quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Tempo

Tempo





Vocês já repararam com há situações que reconhecemos como importantes, mas continuamos agindo como se não fosse? No que se refere ao uso do tempo, fazemos a mesma coisa. O tempo não vai embora. No momento seguinte ele continua existindo. Diferente da comida, do dinheiro, enfim, de outras coisas que vão se acabando e precisam ser renovadas. O tempo está sempre para nós.

E nós, como estamos para o tempo? Ele não se acaba nunca, mas nós passamos por ele e então percebemos que não dá para recuperá-lo no que já foi. "Amanhã eu faço." "Amanhã eu vejo isso." "Deixe aí que depois eu cuido disso". E mais um outro tanto de afirmações que empurram o que poderia ter sido feito agora. Outro tipo de expressão é: "Eu não fui à sua casa porque não tive tempo". O tempo existe, se "não fui" à sua casa, foi porque não criei a oportunidade. Não fiz a opção de usar o tempo e me organizar dentro dele de forma a ter podido visitá-lo(a).

Não reconhecemos realmente que ele, o tempo, é um bem que nos é dado a desfrutar, e que se não usado apropriadamente, não há como retomá-lo. "Sempre é tempo", é uma afirmação verdadeira, mas que significa que você pode aproveitar a partir de agora, pois o que passou não volta mais.

O mito nos conta que a deusa Perséfone, quando jovem, foi raptada por Hades. Deméter, sua mãe e senhora da terra e das colheitas, fez um trato com o deus do mundo subterrâneo. Eles acordam que durante seis meses a jovem ficaria com ele, no mundo de dentro e depois, por outros seis meses, permaneceria na companhia da mãe, no mundo de fora. Quando ela chega à superfície, tudo floresce e madura. Quando ela volta para Hades, a natureza se contrai e se volta para o interior.

Cuidar do jardim metaforiza o ato de me cuidar, para fazer com que a vida aconteça em mim. No meu tempo as vezes me recolho, calado eu gero, o que potencialmente já existe. Quando um novo dia se aproxima, eu também devo limpar minhas sujeiras que impedem o livre respirar, cortar o galho que não tem mais seiva, me adubar com terra boa e nutrientes, renovar a consciência dos ciclos da natureza. Tudo nasce, cresce e morre. Até um pensamento, uma forma de se olhar.
É tempo de se florir, deixar surgir novas ideias, novas formas de se lidar com as coisas, de desapegar e permitir que o belo que nos habita se espalhe na superfície. Tempo de se maravilhar com a vida, que explode em cores e perfumes, se deixar tocar pelo sonho que origina o movimento para o novo. É tempo de ver as coisas com os olhos da alma, e se assombrar com o que poderá se enxergar.
Em nossa vida pessoal é comum encontrarmos pessoas lamentando-se de não terem aproveitado as oportunidades que tiveram na vida e que agora não é mais possível retomar. Elas estão dizendo que não usaram o tempo que tiveram disponível de forma útil. Nós mesmos temos situações assim, de menor ou maior importância.

Aprendermos a lidar com esse bem tão precioso é enriquecermos-nos cada vez mais. É um "ouro" que está ali, ao nosso alcance. Não há limites a não ser ele próprio.

Outra infeliz distorção que temos sofrido é a do imediatismo. Queremos tudo para agora, ou pra ontem. Se não for assim, não serve. É um direito, mas tem uma conseqüência: Não se constrói mais. Quer-se pronto, e pronto, a maior parte das situações ficam desprovidas de lastro. Desmoronam. São superficiais. Observem relacionamentos relâmpagos. Observem aquisições aceleradas, sem a devida averiguação. Decepções em nossas vidas e que poucos percebem a verdadeira causa de suas ocorrências.

Vidas desperdiçadas, fortunas dilapidadas, amores desmoronados e tudo porque o tempo foi tratado como se não existisse.

Não necessitamos esperar o momento de dizer: "O tempo é implacável!" Vamos começar a usá-lo em nosso favor. Agora!

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